Existe um bairrismo quando falo de São Paulo, capital. Minha cidade natal. Cresci em São Paulo, mas me criei no litoral, em Santos. Passei a vida entre cidades e culturas.
Comecei a amar São Paulo depois de adulto. O que a cidade me oferecia nenhuma outra fez.
Junto das coisas que amo na cidade, como o povo, a noite, cultura e a comida tem as coisas que não gosto. Viver em São Paulo pelo olhar do turista, que apenas passa pela cidade, é maravilhoso. Assim como o Rio de Janeiro e muitas cidades da Europa. Viver o cotidiano da cidade é outra coisa. A realidade é dura, cinza e injusta. Viver um dia de trabalhador periférico nessas cidades é foda.
Aprendi a separar as coisas. A cultura, o social, os problemas. Esse olhar é muito pessoal. Cada um sente a cidade de uma forma.
Nem todos os lugares que morei tive experiências boas e em algumas cidades foi muito ruim, por exemplo, Lisboa. Com certeza outras pessoas devem ter tido experiências melhores que a minha, que era estrangeiro, ilegal e trabalhava numa cozinha de shopping com um Ucraniano e uma Cabo-verdiana, ambos saíram de seus países fugidos.
Então, fico com o melhor de São Paulo. O pior está estampado todos os dias nos noticiários. Assim como essa foto que fiz em um dia comum na cidade.
A questão nunca será falar mal da cidade, mas sim entender como vivemos nesta cidade. Como a cidade nos olha e acolhe.
Cada cidade que morei teve sua história e todas essas histórias passaram por pessoas. O reflexo e a fama de uma cidade passam pelas pessoas que vivem e nasceram nelas.
Tudo na vida é uma questão de perspectiva e como se reage a ela.
Viver sem véu nos olhos tem um preço. Aceitar que nem tudo é bom é parte disso. Aceitar e entender os motivos pelos quais essas construções sociais se formaram ajuda a viver com um pouco mais de paz.
Viver é mais simples quando somos verdadeiros e evitamos o conflito por coisas que não irão mudar porque apenas eu não gosto ou não concordo.