“Memórias de um tempo não tão distante: A fome, por vezes, se manifesta do outro lado de um vidro e R$ 5,00. Quantos não se deparam com vitrines assim? Quantos estão ao seu lado, desejando um simples salgado de nome francês? Eu já enfrentei essa mesma vitrine, com dinheiro apenas para um café. No entanto, ao receber a notícia de que minha filha conquistou um emprego e estava feliz, vivenciando seu primeiro trabalho digno, percebi a dualidade de nossa realidade.
Estamos em um país onde a fome é uma realidade que ocorre ao nosso lado. A oratória é apenas uma fala em um território marcado por atitudes superficiais. As pessoas, muitas vezes, são vingativas, sempre esperando um vacilo seu para cumprir seu papel na roda do mal.
Este é o Brasil em que vivo: um salgado com nome francês atrás de um vidro, enquanto um homem varre o chão na esperança de ganhar algo para saciar sua fome.
São Paulo, 11, março, 2019 Terminal do Tietê. Como bem disse o poeta Victor Hugo, ‘A miséria tem parentesco com a desonra.’”