A vida de fotógrafo me proporciona ser um observador do tempo e da vida ao meu redor. Ontem, passei horas em um local. Pessoas chegavam e saíam. Todo tipo de perfil de pessoas. Cada uma vivendo aquele momento à sua maneira. Alguns com uma simplicidade ímpar, outros com sua loucura. Outros talvez estivessem ali porque não tinham outro lugar para ir. Muitos sorriam, aliás, na sua maioria parecia existir uma certa felicidade.
Alguns dançavam, cantavam e trabalhavam ao mesmo tempo.
Quando penso em felicidade, muitas vezes me leva para esse lugar. Não importava nada para muitos ali; naquele momento, eles estavam felizes.
Antes de ser fotógrafo, sou um humano que observa a vida. Eles estavam vivendo, e eu observando. Passei parte da minha vida sendo um observador, vivendo a felicidade de outros, vivendo às margens.
Fui instrumento para muitas coisas, ponte, elo. Muitas pessoas vivem em um mundo que apresentei, e tudo bem. A sede e a fome não acontecem apenas uma vez.
O tempo... o relógio não para. Cada um encara o tempo de uma forma. Quando estou nesses lugares, percebo que espero muito da vida pela minha felicidade, porque é possível ser feliz um dia de cada vez. O amanhã pode ser tão chato quanto hoje. Não gosto de domingo.
Nesses momentos, você se depara com seus preconceitos. Ontem, eu estava no tribunal de rua, onde eu também era o réu.
A minha sentença foi aprender a ser feliz com pouco. Aqui não é uma questão de se contentar com pouco, mas sim de ser feliz com pouco para sermos mais leves.
Não podemos parar o tempo, mas podemos decidir o que fazer com o tempo que nos é dado.