O papagaio africano conhecido como Odidé é todo cinzento e possui um leque de penas vermelhas na cauda. Uma mulher muito mentirosa que tinha um papagaio desses ensinou-o a falar, criando assim um grande problema. O pássaro falante não gostava de mentiras e, logo que ouvia uma, desmascarava o mentiroso, contando a verdade. O papagaio tornou-se tão inconveniente para ela que, depois de algum tempo, a mulher resolveu dá-lo a outra pessoa. Um dia, a mentirosa chamou um homem que passava diante de sua casa e lhe ofereceu o animal de presente. Desconfiado, o homem perguntou por que razão desejava se livrar de um bichinho tão inteligente. A mulher respondeu que queria se livrar dele porque comia demais e ela, sendo muito pobre, não podia mais sustentá-lo. Ouvindo aquilo, Odidé gritou: — É mentira!
O tempo passou, e esse pássaro foi para o rei. Sempre que alguém mentia diante do rei, o papagaio gritava: — É mentira! Os magos do reino, que não gostavam de mentiras, passaram então a ter um Odidé em suas casas. E até hoje os adivinhos de Ifá (o oráculo dos iorubás) têm esse costume.
"A mentira e uma vida indigna têm hora e dia para acabar. O senhor da esquina me chamou para me mostrar uma mulher que se exibia. Andando pela sua rua uma legião atrás dela. Me perguntou o que eu via? Respondi que era apenas uma mulher bonita. Ele disse: olhe novamente. Quando virei meu rosto, vi uma caveira e os que estavam atrás dela, pessoas rastejando no chão. Ele me olhou e disse: 'Eles estão se alimentando da energia da vida que ela está levando. O que parece bonito, sorrindo, bebendo e curtindo a vida, na verdade são energias que estão se acumulando.' Perguntei por que ele estava me mostrando isso. Ele gargalhou e disse: 'Você se preocupa com coisas que não são suas e esquece que essas têm seu próprio destino, caminho e assim como uma água seca no barro, assim são essas pessoas. Elas irão secar. Tudo que elas fizeram, assim como já aconteceu com você, terá um preço a ser pago.'